quinta-feira, 19 de junho de 2014

O descontrole do mundo

Por: Moabe Breno Ferreira Costa
Jornalista e professor.





Este texto propõe uma reflexão sobre a atual dinâmica social, considerando os efeitos da globalização em nosso dia a dia. Nosso cotidiano está em descontrole. Vivemos cercados de violência de toda ordem; assédios morais e físicos; ainda sofremos como o racismo, machismo, homofobia e diversas outras formas de desrespeito ao próprio ser humano, além da corrupção que se tornou um vírus em todos os tipos de relações sociais, desde as questões político-partidárias a pequenas atitudes do dia a dia – como furar a fila, por exemplo. Parece que a busca por vantagens a qualquer custo tornou-se um traço cultural da nossa sociedade. 

Muitas vezes somos protagonistas ou compactuamos com ações corruptas diárias e nem nos damos conta de que elas causam mal estar no outro, e com isso o descontrole das instituições em que atuamos, como família, faculdade, trabalho... do nosso próprio mundo.Assim corroboramos para a fragmentação social, a divisão dos interesses e, o pior, fragilizamos nossa capacidade reflexiva e crítica sobre os processos alienantes impostos pela globalização, que para o sociólogo britânico Anthony Giddens, é um fenômeno político, econômico, tecnológico e cultural que possibilitam as mesmas informações em todos os locais do mundo.

Contudo, o pensador ressalta que este atual momento permite a emergência de várias e divergentes formas de reações sobre os fenômenos globais, como por exemplo, que grupos de resistência elaborem mais facilmente, ações de autoafirmação, pensando no bem coletivo. Mas será que estamos utilizando a globalização ao nosso favor? Será que nos preocupamos com o bem de todos? No bem estar do outro? Pois bem, de um modo analítico, Giddens nos diz que as nossas ações diárias são ao mesmo tempo fonte e consequência da forma como entendemos e internalizamos as transações em nível global. O autor aponta para uma mudança estrutural das instituições sociais e, por isso, a todo momento, em cada ação,vivemos os riscos da globalização. 

Continuamente,presenciamos transições tecnológicas e comportamentais que modificam nossas concepções de tempo, conteúdo, estéticas, valores e conceitos, que vão consequentemente abolindo velhas tradições e criando outras novas. O grande risco em tudo isso é saber ser e respeitar o Humano. A própria estrutura familiar, base de todas as relações sociais, tem formas diversas na atualidade. O padrão pai, mãe e filhos já não vigora há tempos.  Muitas famílias são formadas por mãe e filhos, outras por pai e filhos, algumas se restringem a marido e mulher, e há ainda aquelas formadas por dois homens ou duas mulheres.

Com tantas transformações, vivemos sim um mundo em descontrole.  E talvez o respeito mútuo seja uma saída para a promoção da boa convivência sem a qual, vivemos o risco constante das guerras, intrigas, fugacidades, processos de alienação, violências, conflitos os mais diversos. Portanto, sem uma reflexão sobre a globalização e sua interferência no nosso cotidiano, nos tornamos vítimas e promotores dos efeitos nefastos desse processo. Sem um questionamento sobre quem somos, o que fazemos e como vivemos, ficamos reféns de nós mesmo, por não conseguirmos nos posicionar dentro da contemporaneidade, que pode ser perversa, se formos igualmente perversos com nossos semelhantes. Sem uma reflexão e mudança de posturas, viveremos sempre em um mundo em descontrole.

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