quarta-feira, 18 de junho de 2014

Conhecimento para o bem


Por: Rodrigo Muniz F. Nogueira    
Comunicólogo, Mestre em Cultura e Turismo.
Coordenador do curso de Jornalismo
da Unime-Itabuna.


Atualmente vivemos um paradoxo em relação ao conhecimento. Por um lado, há um aumento exponencial no acesso a todo e qualquer tipo de informação, através dos mais variados veículos e canais de comunicação, o que torna qualquer pessoa um potencial difusor de conteúdo. Pesquisas mostram que, a cada cinco anos, produzimos mais do que todo o conhecimento acumulado desde o início da humanidade.

Se pensarmos bem, todo esse conhecimento poderia fazer com que vivêssemos em um mundo quase fantasioso, em que as tecnologias estariam ao nosso serviço e toda base filosófica e sociológica acumulada pelos milhares de pensadores criasse uma condição perfeita de convívio, democracia, ética e civilidade, quase um paraíso desenhado pelas mais belas obras de arte.

No entanto, estamos perdendo o rumo e a oportunidade de utilizar todo esse potencial a serviço do bem. Infelizmente, deve haver na imperfeição humana uma tendência ao egoísmo. Isso já se pode perceber desde os primeiros dias de vida de uma criança. Geralmente o “é meu” é uma das primeiras expressões que os bebezinhos aprendem a falar e se apropriam de uma forma a Sméagol. Egoísmo que faz com que se acredite erroneamente que mutilando prematuramente grupos sociais e mantendo a maioria da população à margem do acesso ao conhecimento gera um status quo circunstancial, e que apenas quem está no topo da pirâmide desfrute das benesses da vida.

Pois devemos acordar! Afinal, o conhecimento é um dom que deveria ser utilizado a serviço do bem. E não digo isso no sentido religioso da palavra, para não ser mal interpretado como um radical, mas sim, para o bem comum, para a coletividade. A cada oportunidade de acesso ao conhecimento que se retira, cria-se mais uma vítima no Inferno de Dante que estamos transformando as nossas cidades. É como baratas mortas, que como diriam os especialistas, a cada uma que se mata, há mais 30 que não se vê. Estamos criando uma cobra que mais cedo ou mais tarde vai mostrar suas peçonhentas presas e nos devorar.

É quase uma tirania da burrice coletiva. Quanto mais ignorantes melhor. Isso é o conhecimento para o mal. Melhor matar o Renato Aragão que publicar conteúdos interessantes. Mais interessante saber da vida alheia que pensar na melhoria do seu bairro. Mais fácil pensar que não tem jeito que dar jeito nas coisas. Afinal, deixar como estar faz parte do sistema lamacento criado por nós mesmos. Insisto que todos somos responsáveis. Todos somos inocentes. Todos somos culpados. Não é um maniqueísmo. É corresponsabilidade. Se a coisa está fedendo, todos devem se lavar.

Defendo o conhecimento do bem. Imagine se tivéssemos um mundo de pessoas unidas pensando juntas na melhoria para o bem. Seria um crowdsourcing (uma fonte de informações oriundas de uma multidão) e uma produção de conhecimento sem precedentes, com foco na melhoria. Ilustres como Marcola, Beira Mar ou excelentíssimos senadores, que hoje utilizam o nobre cérebro para fins escusos poderiam pensar em soluções estratégicas para melhorias concretas e duradouras. Quem sabe um dia?

Ainda tem jeito. Como dizem os mais velhos e sábios, não tem jeito apenas para a morte. E ainda não estamos mortos. Onde há vida, há esperança. E essa esperança não podemos perder. O conhecimento está aí, disponível para todos. Que tal nos unirmos para flertar com ele?

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