Participação popular e democracia definem a administração comunitária

O bairro é uma subdivisão de uma cidade ou localidade que costuma ter uma identidade própria, onde cada pessoa partilha um sentido de pertença. Um bairro pode ter nascido por uma decisão administrativa das autoridades ou por um desenvolvimento imobiliário. “Um bairro é um espaço territorial. Quando falamos de território nos reportamos não só a um espaço físico, mas também histórico, cultural, enfim, comunitário”, destaca a socióloga Geórgia Couto.

O bairro não é neutro, quem vive nele deixa suas marcas, sua história, ou seja, sua identidade. Nesse sentido, a socióloga destaca que a administração de uma comunidade deve ser caracterizada pela democracia. “A administração de um bairro deve funcionar de maneira participativa, pois, se todos lá habitam e constroem sua identidade, a comunidade não pode ser administrada de cima para baixo, ou seja, ter um gestor que só represente os interesses da prefeitura, ou que use as pessoas do bairro apenas como massa de manobra para interesses políticos”, aponta Geórgia Couto.

E ações democráticas têm sido desenvolvidas pela atual gestão do bairro Jardim Primavera, que tomou posse no último mês de julho.  Recentemente, a Associação dos Moradores, presidida pelo Policial Militar, graduado em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Tácio Dê Boaventura, realizou um plebiscito para alteração do nome das ruas e caminhos do bairro. Em vez de número e letras, os logradouros do Jardim Primavera serão identificados pelo nome de árvores e flores, conforme a sugestão dos moradores da cada rua ou caminho.

Segundo o presidente, a Associação de Moradores está tomando todas as providências para resgatar a autoestima da população e promover melhorias para a comunidade, despertando o sentimento de pertença. Tácio Boaventura destaca que encontrou várias dificuldades para estruturar o bairro e promover ações voltadas para a interação social e melhoria da qualidade de vida. ‘‘Quando assumimos, encontramos a associação totalmente desestruturada, documentação irregular, impostos atrasados, falta de energia na sede que se encontrava sem nenhuma condição de uso, com infiltrações, portas destruídas, paredes sem pinturas, entre outros problemas’’, explica o presidente.

Além da desordem administrativa, Boaventura ressalta problemas de  infraestrutura do bairro, que dependem da Prefeitura Municipal de Itabuna para solucioná-los. "Algumas medidas que queremos tomar para melhorar a nossa vida aqui no bairro não dependem somente da associação e sim do apoio da prefeitura. Um exemplo é a rotatória da Butique dos Pães. Muitos acidentes estão acontecendo nesse trecho e a preocupação aumenta, pois em período de pico o fluxo de veículos aumenta, provocando uma grande confusão para os condutores e pedestres”, explica Boaventura.

O presidente também ressalta projetos para ampliar a segurança local, que dependem da formação de parcerias, bem como, ações já em andamento voltadas para o fortalecimento da convivência e maior interação entre os moradores.  "Alguns projetos já estão sendo realizados com o apoio da Prefeitura Municipal de Itabuna e da Fundação Itabunense de Cultura e Cidadania (FICC), como os cursos de violão e de contador de história que são oferecidos às crianças do bairro e das comunidades circunvizinhas, e futuramente o curso de teclado”, afirma.

O presidente está confiante de que nos próximos anos a vida no Jardim Primavera será muito melhor. A prova é que mesmo com sérios problemas administrativos, foi possível executar algumas ações no ano passado. “Conseguimos realizar uma festa no Dia dos Pais, além disso, no Dia das Crianças lançamos o projeto Brincando na Praça, que tem como objetivo incentivá-las a usufruírem do espaço, como local de lazer'', acrescenta. “Para o Dia das Mães deste ano, estamos programando atividades interativas e queremos tornar isso uma tradição para a população'', afirma.

Tácio Boaventura informa ainda que há vários projetos a serem realizados durante a gestão. “Estamos com metas para este e o próximo ano, e uma delas é trazer o esporte para o bairro. No ano passado conseguimos participar do Interbairros, que há um ano não participávamos. Foi uma luta, mas nós conseguimos'', finaliza.